sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Resenha #17: Para todos os amores errados.




"Demorei muito para acreditar na 
mais louca e cruel verdade: 
quem gosta de você vai te tratar bem."
Clarissa Corrêa


     Para todos os amores errados, da lindíssima, queridíssima, fofíssima Clarissa Corrêa, é uma coletânea de contos, textos sobre amores que tiveram um fim, trise, melancólico, doído. É um coração aberto. Uma carta não enviada, contando verdades que não devem ser ouvidas, mas lidas, consumidas, devoradas.
      Clarissa é profundidade, realidade misturada com poesia, amor em prosa, lágrimas em palavras. Para todos os amores errados é um livro para ser aberto à qualquer hora e em qualquer página, quando você quer uma palavra amiga, uma confissão sussurrada, alguém que diga "olha, eu já passei por isso, não fica assim triste, vai passar". 





"Lembranças que não vão embora

   Lembra de alguns sonhos encaixotados? Do poder do recomeço. Da força que pensamos não existir até que a coisa aperta e nos  tocamos que temos que continuar vivendo, custe o que custar. Do banho de cachoeira naquela cidadezinha do interior do interior onde só existem passarinhos e mato. Das noites de verão chuvosas que vocês ficavam jogando canastra. Do gosto daquela fruta esquisita que só tinha na casa da sua avó. Das balas que você ia comprar naquele armazém e que tinham gosto da infância. Do jogo de taco-bola naquele beco que de noite ficava muito escuro. Daquele menino (menina) que você gostou e que era o grande amor da sua vida. Dos mil amores da sua adolescência, pois toda a semana havia um novo amor. E um novo choro. Da primeira vez que você tomou um porre e vomitou no meio da rua. Daquele dia lindo em que ele (ela) apareceu e disse que você era a única pessoa que importava no mundo. Daquele dia horrível em que ele (ela) disse que você era a única pessoa que não importava no mundo. Daquele estranho que foi a pessoa mais atraente que você conheceu, mas vocês se olharam uma vez e ele desapareceu no horizonte. Daquele filme que você nunca mais esqueceu. Daquela cena que você não consegue tirar da cabeça. De um sorriso que você nunca verá igual. Do perfume que você não esquece. Da sensação de estar de mãos dadas com aquele alguém. E de sentir a areia fofa e quente no meio dos dedos dos pés. Daquela rua estreita que você andava de bicicleta ao entardecer. Do seu primeiro tombo. Da dor do joelho ralado. Da primeira vez que você sentiu seu coração parar, aquela sensação mágica e indescritível de gostar de alguém. Da segunda vez que você sentiu seu coração parar, aquela sensação dolorosa e indescritível de sofrer por alguém. Dos lenços de papel espalhados pelo chão do quarto. Do seu coração espalhado pelo chão da casa. Do copo cheio de lágrimas. Da alma cheia de cores e alegrias. Do frio na barriga. Do corpo trêmulo. Do gosto do amor. Da pessoa que fez seu universo se arrastar ou correr demais. Daquela dança no meio do bar vazio. Do conforto do colo da sua avó. Da torta de limão que sua tia-avó fazia. Do cheiro das folhas das árvores da sua cidade. Dos seus traumas. Dos seus medos. Dos seus planos. De quem você foi. De quem você queria ser. De quem você é. Daqueles instantes que você ficou olhando para um ponto fixo sem pensar em nada. E pensando em tudo. 
     Lembra?"

      São histórias contadas com o coração, mas não são melosas e cansativas como um romance pode ser, mas intrigantes e instigantes, pois qualquer um pode se identificar com qualquer dessas histórias, afinal, atire a primeira pedra quem nunca teve um grande amor, daqueles arrebatadores, de tirar o fôlego, de fazer as pernas ficarem bambas e a barriga virar um jardim de borboletas, e quem nunca levou um belo de um pé na bunda, daqueles de tirar o fôlego de tristeza, de espalhar lenços pelo chão, de chorar e gritar, se jogar no chão e sentir uma dor no coração, aquela dor quando parece que alguém está apertando forte o coração, esmagando, estraçalhando, muindo. Aquele amor que parecia tão certo, tão "amor pra vida toda", que virou um "amor pra lamentar a vida toda".
       Clarissa conta esses casos e descasos com a percepção e sensibilidade de alguém que já viveu tudo isso, e mostra um ombro amigo para chorar nos momentos de tristeza, lembranças e desamores. Alguém pra entender toda a dor que um amor errado é capaz de proporcionar, alguém que não te julga, mas te ajuda.


        O livro tem uma edição linda, feito pela editora Gutenberg, é uma fofisse à parte, um bônus lindo de se ver, e ainda conta com o prefácio de Pedro Bial, mestre das palavras bonitas no Big Brother, sem julgamentos, Clarissa é linda de se ler, e disso ele sabe. A capa tem biscoitos em forma de coração da Cucina Felice, os títulos dos textos são sempre acompanhados por um desenho, e os números da página são a coisa mais fofa. É aquele livro pra guardar no lugar especial da estante.



      Acompanhe a autora pelo TwitterFacebookBlog e veja os textos maravilhosos escritos na sua coluna Confusões e confissões na revista TPM. Tem mais uma citação dela aqui no blog, "Saudade (imensa) de você".

2 comentários:

  1. Como ela é linda e fofa!
    Me apaixonei.

    http://www.minhassimpressoes.blogspot.com.br/

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  2. Poxa, gostei da sua "chamada" para ler o livro. E todo o trabalho da Gutemberg também está lindo. Gostei do título... também, depois de tantos amores que não deram certo hehehehe
    Tá na minha lista de "para comprar"!
    Abração!

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